Outro Soldadinho de chumbo
( Adaptado do conto famoso de Hans Christian Andersen )
Semana passada foi meu aniversário, e eu fiquei muito animado com os presentes!
Claro  que eu gosto de bola, pipa, jogos e muito mais, e ganhei de  tudo um  pouco. Mas nada se compara aos soldadinhos de chumbo, com suas  armas e  uniformes incríveis, que ganhei do meu tio. Comecei logo a  brincar, e  não queria mais parar.
Tinha  vários soldados, amigos e inimigos, antigos e modernos,  formando  exércitos quase de verdade. Lutamos muitas batalhas, sempre  vencendo, é  claro.
Um dos soldadinhos veio  com uma perna faltando, mas ele era o mais  esperto, e eu ganhava todas  quando ele fazia parte da luta. Até a  bailarina da caixinha de música  ficava alegre quando ele brincava comigo  e acertava os inimigos!
-  O problema é que no dia seguinte chegou um cara chato, filho de uma   amiga da mamãe. As duas ficaram de papo na sala, blá-blá-blá,   

   e eu aturando o garoto. Em tudo ele mexia sem pedir "por favor". Foi   logo abrindo armários e gavetas, botando os brinquedos novos todos para   fora, na maior bagunça, espalhando palavras más enquanto jogava tudo   pelo chão: "este é velho", "este é feio", "este parece bobo"... Sabe o   tipo que finge que não ouve o que a gente diz? Tentei chamar a mamãe,   mas as duas continuavam na sala 

 blá-blá-blá.
Voltei  para o quarto bem na hora que o chato jogava pela janela meu   soldadinho de chumbo favorito de uma perna só, enquanto tocava minha   corneta, que eu também não emprestei. 
-Joguei fora aquele soldado com defeito, não serve mais para mim. Eu só gosto de tudo o que é perfeito (disse o garoto chato).
O tempo estava ficando feio junto com a minha raiva ( e a da bailarina também ). Caía uma chuva forte, inundando as ruas.
Meu  soldadinho caiu pela janela aberta, mas eu não pude pegá-lo de  volta:  um barquinho de papel estava passando ali embaixo bem na hora, e  foi  dentro dele que o soldadinho caiu.
E  o barquinho foi navegando rápido pelas águas das ruas, entrou pelo   bueiro, passou por baixo das casas, das praças, das padarias, das lojas,   das escolas, farmácias, até chegar no mar.
Chegando  lá, a onda do mar foi forte demais para o barquinho de  papel, que se  desdobrou. E o soldadinho de chumbo foi afundando,  afundando, querendo  muito que eu o salvasse, mas sem descobrir como.  Quando estava quase  chegando à areia do fundo do mar, onde eu jamais  conseguiria pegá-lo...
Um  peixe guloso pensou que ele fosse um delicioso alimento. Abriu o  bocão  e engoliu o soldadinho de chumbo inteirinho, que só assim não caiu  no  fundo do mar.
Pouco depois, o mesmo bocão foi morder a isca do anzol do pescador, que o tirou do mar para vender.
Quando  mamãe foi ao mercado, comprou várias coisas, e já estava quase  indo  embora quando viu os peixes frescos chegando. Parou para escolher  algum  bem saboroso. Olhou bem, apertou aqui e ali, até ficar satisfeita  com  aquele. 
Ao preparar o peixe para a  janta, abriu sua barriga e encontrou lá  dentro o soldadinho que estava  faltando. Logo me chamou, e eu fiquei  muito contente:
- Meu soldadinho voltou!
Lavei bem, e corri para o quarto para mostrar a todos os meus brinquedos quem tinha voltado para casa.
A  bailarina, que tinha passado os dias triste e paradinha, voltou a   ligar a música e dançar de alegria. O soldadinho parecia que só tinha   saudades dela.
 © Disney
 
© Disney( Acho que estão namorando)
O  bom mesmo é que, deste aniversário em diante, eu é que resolvo quem   entra ou não entra mais no meu quarto, e mexe nos meus brinquedos. Aqui   não é lugar para qualquer um e, se eu não gostar, já sei botar os   chatos para fora.
Professora Vanessa